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    Diário do Pimenta :P

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    Mensagem por Guilherme Seg 7 Jan 2013 - 10:27

    Conforme prometi pro Gleidson, se o Zambetão tivesse um tópico, o Pimenta não ficaria para trás Razz
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    Mensagem por Guilherme Seg 7 Jan 2013 - 10:27

    Campeonato mundial de par ou ímpar no IJF tem final inesperado

    No dia 14 de dezembro de 2012, o Instituto José Frota sediou o 2° Campeonato Mundial de Par ou Ímpar, uma das competições mais emocionantes de toda história esportiva mundial.

    A enfermaria 14 ficou pequena para caber tamanha competitividade, pois, como se não bastasse a realização de um campeonato mundial, a competição ainda contou com número recorde de inscritos: dois. E é claro que a tricampeã mundial de par ou ímpar era uma dos competidores. Indi gente, ou apenas Indi para os íntimos, parecia confiante em seu terceiro título, apesar de não conseguir explicar como era tricampeã tendo participado apenas da primeira etapa do mundial.

    Polêmicas a parte, um dos quartos da enfermaria 14 foi totalmente reservado para a competição, dando vantagem a Tiago(nome fictício pois não pudemos pagar o cachê exigido por seus patrocinadores), desafiante da nossa tricampeã, afinal este jogava em casa e com todo o apoio da torcida. Para narrador e showman do evento, o lindo, inigualável, inenarrável, indescritível, inefável e indizível Pimenta, em todos seus 186 centímetros de inequivocidade.

    O evento também foi transmitido ao vivo através de mais de 3 câmeras de celular das acompanhantes das crianças, que além de acompanhar as crianças, também acompanhavam o evento atônitas com tanta emoção.

    Já a postos, os competidores escolheram pelas regras húngaras de competição, de modo que para ser campeão, os participantes necessitavam de pelo menos 3 vitórias nos 5 rounds disputados.

    O primeiro round foi um dos mais emocionantes, com duração aproximada de 2 segundos que deixaram a plateia atônita. Nosso valente desafiante, Tiago, escolheu Ímpar, deixando nossa atual tricampeã de queixo caído, necessitando de dois tempos técnicos para escolher qual das opções restantes se adequaria melhor a sua estratégia. Após minutos de reflexão, decidiu finalmente optar pelo Par.

    Após a escolhas, nosso inequiangular narrador contou até três e deu o sinal máximo de urgência para dar início ao jogo: “Já!”. Tiago foi mais ágil, mostrando toda sua velocidade e colocando dois de seus cinco dedos na competição. Do outro lado do ringue, nossa atual campeã pareceu despreparada fisicamente, demorando mais de um segundo para mostrar o punho cerrado. Terminadas as jogadas, era a vez do inenrugável juiz contabilizar os lances através de seu grande conhecimento sócio-filosófico-químico-aritmético. (2 + 0 = 2 ---> 2 = par).

    Após eloquentes análises, os juízes escolheram por unanimidade como vencedora do primeiro round: (tcham tcham tcham tcham[é a música de suspense]) Indi!

    Os rounds que se seguiram foram ainda mais disputados, chegando ao quinto round com duas vitórias para cada lado. Antes do quinto round, nosso ineludível juiz, narrador e entrevistador passou pela torcida, pegando mensagens de apoio para o temível desafiante Tiago.

    Ânimos à flor da pele, expectativa à milésima potencia, a torcida e os competidores aceleravam as piscadas para não perder nenhum momento! O desafiante escolheu Ímpar pela quinta vez. A tricampeã meditou, achando melhor escolher Par pela quarta vez seguida. Jogadores a postos, foi a vez de o juiz iniciar contagem: um... dois... dois e três quartos... Três... e... Já!!
    Com uma velocidade sobre-humana, em ritmo frenético e acelerado, os dois competidores colocaram suas jogadas: o desafiante havia colocado dois dedos. Indi havia colocado três dedos. Perai! Haviam mais mãos por ali!! Uma das câmera-woman havia colocado sua mão na competição, deixando 4 dedos para confundir a contagem, e até o juiz estava participando, tendo colocado sua mão com outros 4 dedos para elevar a disputa!!

    Apesar da reclamação dos competidores, a comissão de julgamento formada pelo juiz, pelo narrador e pelo organizador do evento (Pimenta, Pimenta e Pimenta) decidiu com unanimidade manter o resultado. Desta forma foi iniciada a contagem, sendo necessária ajuda de equipamento especializado em aritmética ultra-mega-avançada para contabilizar o resultado: 13! Era Ímpar!!! Os espectadores choravam emocionados e nosso destemido desafiante fez a volta olímpica em sua própria cama hospitalar, pois estava impossibilitado de andar.

    Apesar da visível contrariedade, nossa ex-atual-tricampeã mundial compareceu a cerimônia de premiação, e mesmo emburrado prestou homenagem ao campeão mundial de par ou ímpar do IJF!

    E aqui termina nossa transmissão, que voltará ao vivo assim que a terceira edição do campeonato mundial de par ou ímpar do IJF tiver início!

    P.S Este foi o primeiro ato do Pimenta e da Indi após a ida da borboletinha para enfeitar os jardins americanos. Depois de 4 anos atuando juntos, ela fez uma falta enorme! Que volte logo para ajudar a dupla de três que momentaneamente é um trio de dois :*
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    Mensagem por Gleidson Seg 7 Jan 2013 - 14:04

    Muito bem Pimenta! Tarefa cumprida! Nossa Guilherme nunca pensei que uma competição de par ou ímpar fosse tão interessante. O Pimenta brinca e encanta também com as palavras. Vamos em frente, Zé Coisó já entrou na parada também, em breve lançamento das nossas anedotas!!
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    Mensagem por Guilherme Dom 17 Mar 2013 - 19:23

    O espaço era para ser destinado as besteiras de um palhaço, mas hoje é o voluntário que vem aqui falar Razz

    No dia 17 de Março de 2013, cinco palhaços seguem pelos corredores do Instituto José Frota. É nítida a preocupação dos funcionários em acolherem os pacientes, mas o hospital está tão lotado que todo espaço do corredor recebe uma maca com um paciente.

    É uma tarde de domingo, então o normal seria esperar muito mau humor de quem está no corredor de um hospital, geralmente com uma perna ou braço quebrado, mas naquela tarde não havia espaço para mau humor. Por onde passávamos os sorrisos se abriam, gratuitamente. Pareciam que os pacientes eram os palhaços, pois o sorriso estava estampado no rosto de todos, inclusive dos mais idosos, que ocupavam grande parte do final do corredor, cada um com seu ventilador, aparentemente trazido de casa.

    Quando chegamos na enfermaria 14(infantil), os sorrisos doados no corredor já tinham nos deixado tão cheios de uma energia boa que contagiou até as enfermeiras, nos recebendo com piadas, brincadeiras e fofocas enquanto higienizávamos as mãos e perguntávamos informações sobre os pacientes.

    O ato na enfermaria 14 foi extremamente feliz, com as crianças participando muito, rindo muito, e fazendo praticamente as brincadeiras sozinhas, tanto que achei até injusto quando uma mãe disse 'só vocês para fazerem meu filho rir', pois na verdade era ele quem, enquanto se divertia, implicava com os palhaços e fazia todo o quarto rir em uníssono.

    Como já estou há quase 5 anos fazendo esse trabalho, vejo com uma certa naturalidade a enfermidade, afinal é impossível não ficar doente uma vez na vida, então o foco acaba sempre na qualidade do atendimento médico concedido, do apoio que a família pode prestar à criança e de uma série de atividades que podem fazer a criança enferma passar por este momento sem nenhum trauma, conseguindo sorrir nos momentos felizes e acelerar seu processo de cura com isto.

    O problema é que hoje havia algo diferente, anti-natural e difícil de conviver. Uma das crianças mais meigas, brincalhonas e doces daquela enfermaria, com seus 7 ou 8 anos, estava lá por ter sido alvejada com um tiro. Na conversa do pós-ato, juntando o que cada palhaço ouviu, acabamos descobrindo que ele, com apenas essa idade, já fazia parte de uma gangue e tinha recebido o tiro em uma tentativa de homicídio de alguma gangue rival.

    A ficha foi caindo meio que com o tempo, depois que comparei minha infância com a dele, e é meio complicado saber que o caso não é único, que a cada ano que passa as cidades tem ficado mais violentas e, dentro dessa violência, as crianças acabam sugadas para essa realidade cada vez mais cedo. Acho que a ONG acertou em escolher as crianças e o idosos como foco, pois todo problema existente em nossa sociedade acaba sempre trazendo um impacto ainda maior a eles.

    Não tem como não sentir desgosto por saber que as coisas não tem mudado no ritmo que queremos e que até chegarmos ao ponto ideal, ainda teremos muitas crianças e idosos vítimas de uma sociedade consumida pela violência.
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    Mensagem por Gerlane Seg 29 Abr 2013 - 18:46

    Guilherme escreveu:Campeonato mundial de par ou ímpar no IJF tem final inesperado

    No dia 14 de dezembro de 2012, o Instituto José Frota sediou o 2° Campeonato Mundial de Par ou Ímpar, uma das competições mais emocionantes de toda história esportiva mundial.

    A enfermaria 14 ficou pequena para caber tamanha competitividade, pois, como se não bastasse a realização de um campeonato mundial, a competição ainda contou com número recorde de inscritos: dois. E é claro que a tricampeã mundial de par ou ímpar era uma dos competidores. Indi gente, ou apenas Indi para os íntimos, parecia confiante em seu terceiro título, apesar de não conseguir explicar como era tricampeã tendo participado apenas da primeira etapa do mundial.

    Polêmicas a parte, um dos quartos da enfermaria 14 foi totalmente reservado para a competição, dando vantagem a Tiago(nome fictício pois não pudemos pagar o cachê exigido por seus patrocinadores), desafiante da nossa tricampeã, afinal este jogava em casa e com todo o apoio da torcida. Para narrador e showman do evento, o lindo, inigualável, inenarrável, indescritível, inefável e indizível Pimenta, em todos seus 186 centímetros de inequivocidade.

    O evento também foi transmitido ao vivo através de mais de 3 câmeras de celular das acompanhantes das crianças, que além de acompanhar as crianças, também acompanhavam o evento atônitas com tanta emoção.

    Já a postos, os competidores escolheram pelas regras húngaras de competição, de modo que para ser campeão, os participantes necessitavam de pelo menos 3 vitórias nos 5 rounds disputados.

    O primeiro round foi um dos mais emocionantes, com duração aproximada de 2 segundos que deixaram a plateia atônita. Nosso valente desafiante, Tiago, escolheu Ímpar, deixando nossa atual tricampeã de queixo caído, necessitando de dois tempos técnicos para escolher qual das opções restantes se adequaria melhor a sua estratégia. Após minutos de reflexão, decidiu finalmente optar pelo Par.

    Após a escolhas, nosso inequiangular narrador contou até três e deu o sinal máximo de urgência para dar início ao jogo: “Já!”. Tiago foi mais ágil, mostrando toda sua velocidade e colocando dois de seus cinco dedos na competição. Do outro lado do ringue, nossa atual campeã pareceu despreparada fisicamente, demorando mais de um segundo para mostrar o punho cerrado. Terminadas as jogadas, era a vez do inenrugável juiz contabilizar os lances através de seu grande conhecimento sócio-filosófico-químico-aritmético. (2 + 0 = 2 ---> 2 = par).

    Após eloquentes análises, os juízes escolheram por unanimidade como vencedora do primeiro round: (tcham tcham tcham tcham[é a música de suspense]) Indi!

    Os rounds que se seguiram foram ainda mais disputados, chegando ao quinto round com duas vitórias para cada lado. Antes do quinto round, nosso ineludível juiz, narrador e entrevistador passou pela torcida, pegando mensagens de apoio para o temível desafiante Tiago.

    Ânimos à flor da pele, expectativa à milésima potencia, a torcida e os competidores aceleravam as piscadas para não perder nenhum momento! O desafiante escolheu Ímpar pela quinta vez. A tricampeã meditou, achando melhor escolher Par pela quarta vez seguida. Jogadores a postos, foi a vez de o juiz iniciar contagem: um... dois... dois e três quartos... Três... e... Já!!
    Com uma velocidade sobre-humana, em ritmo frenético e acelerado, os dois competidores colocaram suas jogadas: o desafiante havia colocado dois dedos. Indi havia colocado três dedos. Perai! Haviam mais mãos por ali!! Uma das câmera-woman havia colocado sua mão na competição, deixando 4 dedos para confundir a contagem, e até o juiz estava participando, tendo colocado sua mão com outros 4 dedos para elevar a disputa!!

    Apesar da reclamação dos competidores, a comissão de julgamento formada pelo juiz, pelo narrador e pelo organizador do evento (Pimenta, Pimenta e Pimenta) decidiu com unanimidade manter o resultado. Desta forma foi iniciada a contagem, sendo necessária ajuda de equipamento especializado em aritmética ultra-mega-avançada para contabilizar o resultado: 13! Era Ímpar!!! Os espectadores choravam emocionados e nosso destemido desafiante fez a volta olímpica em sua própria cama hospitalar, pois estava impossibilitado de andar.

    Apesar da visível contrariedade, nossa ex-atual-tricampeã mundial compareceu a cerimônia de premiação, e mesmo emburrado prestou homenagem ao campeão mundial de par ou ímpar do IJF!

    E aqui termina nossa transmissão, que voltará ao vivo assim que a terceira edição do campeonato mundial de par ou ímpar do IJF tiver início!

    P.S Este foi o primeiro ato do Pimenta e da Indi após a ida da borboletinha para enfeitar os jardins americanos. Depois de 4 anos atuando juntos, ela fez uma falta enorme! Que volte logo para ajudar a dupla de três que momentaneamente é um trio de dois :*
    Pimenta anda assistindo muito filme.Hehehe...
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    Mensagem por Guilherme Qua 1 maio 2013 - 1:11

    HUehueuheuhe
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    Mensagem por Weverton Qui 2 maio 2013 - 17:21

    Caraca meu, que campeonato irado, só pela narração já deu pra sentir a pressão que foi, parabéns pro Tiago.
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    Mensagem por Guilherme Ter 7 maio 2013 - 12:17

    [Esse domingo no passeio público rendeu 3 textos Razz Um do rivô, do David e não pude deixar de registrar Razz]


    Domingo era dia de descanso, então o Dr. Ludovico Pimenta deixou o jaleco em casa e foi passear no Passeio Público de Fortaleza. Boa companhia não faltou: Raimundo Novato estava por lá, Rixô e Geosvaldo também. Com o início das brincadeiras entre os quatro palhaços, as pessoas foram se juntando e pouco a pouco um círculo foi formado em volta deles.
    Neste círculo, junto de tantos curiosos, estava o pequeno Anderson, com seus 5 ou 6 anos e um sorriso fácil sempre estampado no rosto. Anderson foi nomeado nosso menor aprendiz, e auxiliou o palhaço na maior parte das brincadeiras.
    Em uma destas brincadeiras, uma bola invisível era chutada com tanta falta de habilidade por dois palhaços (pernas de pau) que acabou ficando presa no alto de uma das grandes árvores do passeio público. Era tão alto, mas tão alto que o Novato, com toda a altura que seus cinqüenta e alguns kilos lhe permitiam, não foi conseguiu alcançar. Mas não é que nosso assessor para assuntos de grande altitude entrou em cena? Novato levantou Anderson, Pimenta levantou novato e TCHARAM: a bola foi alcançada.
    No final da manhã, quando os palhaços já estavam descansando e a maioria das pessoas já voltava aos seus respectivos afazeres, nosso pequeno ajudante se aproximava, com as mãos bem abertas e esticadas: queria devolver a bola invisível! Os palhaços não aceitaram, pois o objeto incolor era um pagamento mais que justo por todo o trabalho que ele teve!
    Então o menino voltava para casa. Braços esticados e mãos abertas para segurar a bola invisível enquanto andava com os pais até o carro da família. Os olhos da criança estavam fixos na bola que segurava em suas mãos. Em uma parte do caminho, até colocou a bola no chão e a levou com pequenos chutes, mas para ter certeza que não ia perdê-la, se abaixou, segurou a bola com firmeza entre as mãos, esticou novamente os braços e continuou a andar.
    Raimundo Novato, palhaço magro do jeito que ele é, sempre dá a impressão de que não deve ter espaço dentro dele pra saliva, xixi ou qualquer outra coisa que os palhaços menos magros costumam guardar dentro de si. Mas é só impressão mesmo, pois enquanto observava o Anderson ir embora segurando a bola invisível, os olhos atentos daquele palhaço se encheram de lágrimas tão rapidamente que algumas até vieram parar até nos meus!"
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    Mensagem por yotiano Ter 7 maio 2013 - 23:18

    Só faltou o meu texto do quarteto mas não sou de escrever Razz
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    Mensagem por Guilherme Dom 24 Ago 2014 - 22:41

    Sabe aquele momento que faz 6 anos de atuação em hospitais parecer 6 dias? Que te faz chegar em casa e chorar como um menino, por gratidão, por felicidade e por saber que poderia ter hesitado e perdido um daqueles momentos que traz um grande significado a este trabalho e a sua vida? No meu primeiro ato, a primeira criança com quem atuei tinha hidrocefalia. Em uma época que nosso grupo não tinha treinamento, me vi impotente e nervoso, sendo guiado por duas palhaças mais experientes, e, em alguns segundos, eu já não via uma criança com hidrocefalia, eu via uma criança sendo criança, brincando com seus bonecos e três palhaços. Hoje, 6 anos e um mês depois, vivi algo imensamente significante e parecido, e, mesmo entendendo apenas poucas palavras do que a criança dizia, seus sorrisos e risadas nos fizeram enxergá-la como se deve: uma menininha se divertindo com música e palhaços desafinados. Como esses momentos são complexos e tudo se mistura na nossa memória, tentei escrever um relato com o mínimo de confusão possível:



    Parecia ser apenas mais uma enfermaria vazia, e o silêncio a preenchia por inteiro. Se houvesse pressa ali, a dupla de palhaços teria seguido para a próxima enfermaria, mas tendo observado com mais calma, viram que em uma maca escondida pela parede de entrada havia uma pequena menina.
    O silêncio era intimidador, mas foi quebrado pelo palhaço, ainda na porta, com a voz ainda incerta... “oi”. A criança permaneceu em silêncio e olhava fixamente para uma das paredes, seu rosto era bem maior do que deveria ser, e a hidrocefalia retirava a chance dos palhaços entenderem qualquer expressão em seu rosto. O silêncio agora parecia maior, como se tivesse sido alimentado pela dúvida, pois entrar em uma enfermaria vazia, sem um adulto ou sem a permissão da criança estava longe da situação ideal.
    Com a dúvida crescendo, os palhaços iniciaram uma simples conversa com a criança. A criança respondeu, mas não foi possível entender nada do que ela queria falar e havia alguma tristeza na voz. Por receio de estar incomodando e não conseguir compreender se aquilo tinha sido um “não”, o palhaço falou que eles estariam ali no corredor, e que a criança poderia chamá-los se quisesse. A resposta da criança foi clara e simples: Quero. Repetida mais uma vez para não deixar dúvidas: Quero.
    O palhaço e a palhaça entraram na enfermaria, e, mesmo sem entender algumas coisas que a criança respondia, eles já haviam se apresentado. A criança repetiu o nome da palhaça após a apresentação: “Tetéia”, ela disse. Os palhaços sentiam-se mais confiantes e perguntavam se a criança gostava de música, pois queriam muito cantar para ela. A criança pareceu gostar da ideia, e prontamente foram iniciadas as cantorias. Havia ali uma óbvia falta de habilidade, mas isso não parecia incomodar a criança.
    A música sobre um biquíni de bolinha amarelinha pareceu animar a menina. Foi seguida por outra de gosto duvidoso. O palhaço já estava se arrependendo da escolha quando a criança começou a cantar junto “incomoda, incomoda muito mais”. Eles tiveram coragem de continuar a música até o quinto elefante, quando encerraram a canção e avistaram a mãe da criança observando-os da porta. Antes de reiniciar as cantorias, introduziram a mãezinha em frente à criança com um truque fajuto de mágica. Mas a cumplicidade era tamanha naquele momento, que a criança pediu para a mãe sair, e ela, entendendo a criança, acompanhou a próxima cantiga do lado de fora daquela enfermaria.
    A música escolhida tinha coreografia e a palhaça prometeu que ensinaria cada passo ao palhaço. Foram até o lado da maca para que a criança pudesse observá-los melhor. A canção sobre o infortúnio da dona aranha, derrubada pela chuva, acompanhada pela coreografia ensinada com esmero pela professora-palhaça e executada com muito esforço e nenhum sucesso pelo aluno-palhaço, fizeram a criança sorrir e dar sonoras gargalhadas, que ecoaram dentro dos dois palhaços a ponto de deixá-los arrepiados e com olhos cheios d’água.
    Finalizada a música, a mãe teve a oportunidade de voltar para o lado da filha, enquanto os recém amigos da menina traziam mais dois palhaços para se juntar a cantoria. E assim foi cantada a história sobre uma família de patinhos, com direito a um falso bico de pato, de borracha e elástico, colocado no rosto da mãe da criança, que ajudava na cantoria do “qua qua qua qua” nas partes em que a pata chamava seus filhotes.
    Falou-se então em despedida e a criança não pareceu gostar. Os palhaços então a presentearam com mais uma música, com direito a coreografia e improvisação no fim, transformando o final da canção em um animado trenzinho de despedida. O palhaço, no fim da fila, acenou com a mão, enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas novamente, e uma gratidão enorme inundava sua mente, por saber que vencer a dúvida, naquela tarde, tinha lhes rendido um grande tesouro.

    P.S Fica meu agradecimento à Monalisa pelo ato super divertido, e ao Gleidson e à Eslane por tb terem participado deste momento tão marcante Smile

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